quinta-feira, 11 de março de 2010

Viver ultrapassa qualquer entendimento...

 
 
"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo" (Clarice Lispector)  
       
Adoto o método do não entender, pois tantas foram as horas da minha vida que gastei tentando entender aqueles e aquilos que não me deram retorno. Portanto, prefiro não entender o porque de ser quem sou. Prefiro não entender as  razões pelos quais as pessoas mudam de repente. Prefiro não entender porque no parlamento só tem pessoas corruptas e somos nós que as colocamos lá. Prefiro não entender porque você não quer ensinar se decidiu ser professor, ou porque não quer aprender se você se diz aluno. Prefiro não entender porque sabemos que estamos destruindo o mundo (já ouviu falar num tal aquecimento global? Pois é, parece que o negócio é sério!) e continuamos, mesmo conscientes que fazemos parte dele. Prefiro não entender o porque você grita injúrias contra o senhor, diz que não acredita nele, mas nos momentos de aflição recorre a ele esquecendo de todas as baboserias que falou anteriormente. Prefiro não entender como uma mãe deixa o filho em qualquer lugar da rua, pois não o quer mais. Prefiro não entender como um pai consegue gastar o pouco dinheiro que tem com seus vicios e hábitos, esquecendo da família e do lar (que diz) que tem. Prefiro não entender quando as pessoas substimam o poder da persistência e acham que prosseguir na luta é porque a pessoa não sabe admitir a derrota. Prefiro não entender  esse tal capitalismo que usurpa as nossas vidas, perfuram as nossas riquezas naturais e deixam os homens como seres que realmente são, bichos brutos. Prefiro não entender o porque a sociedade insisti em colocarmos em disputa entre nós - para quê vestibular se da escola deveríamos sair preparados para a faculdade? Para quê concurso se eu deveria sair da faculdade preparada para minha área de trabalho? - sempre querendo eleger o melhor (não sei o que é melhor!). Prefiro não entender os parâmetros de belezas impostos por... Ixii, não sei quem impôs! (prefiro continuar sem saber pois não me enquadro neles). Prefiro não entender como o Brasil perdeu a última copa do mundo. Prefiro não entender quem decidiu colocar os desenhos animados para serem transmitidos pela manhã, horário esse que as crianças estão na escola (e eu no trabalho, né?! Poxa!).  Prefiro não entender porque Jiva é pessimista (pois quando eu descobrir vou brigar direto com ela). Prefiro não entender porque Manuela não lança logo seus sucessos musicais e para de ser egoísta guardando seu dom só para si (ela vai me matar!). Prefiro não entender porque minhas irmãs e eu brigamos, nos arrependemos e nos declaramos amor eterno (insultos e amor). Prefiro não entender de quer provem o mal humor josianesco de ser. Prefiro não entender o porque acho que você gosta de mim e depois oscila o seu humor e muda o jeito de falar comigo, me fazendo crê que estou me iludindo. Prefiro não entender a mim mesma, pois talvez se eu entendesse desisitiria de mim, quem sabe fugiria ou me apaixonaria completamente. Quer um conselho? 
 
 "Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento." (Clarice Lispector)

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