sábado, 25 de setembro de 2010

Muito íntimo...

"In the arms of the angel. Fly away from here" (Angel, Sarah McLachlan)





   Moro em um ambiente fechado, sem porta, sem janelas, sem saída. Em meio a escuridão e a luz diária. São poucos os sons que eu detenho, com exceção de um que segue o mesmo ritmo, que dificilmente acelera ou diminui o compasso, que nesses últimos dias parece está cansado de bater, e eu temo pela possibilidade de não ouvi-lo mais, pois tenho medo do escuro e essa luz forte também dói muito, e eu tento me manter calma, me manter viva através desse som que escuto, as vezes, em pleno devaneio, pois desconheço a realidade, chego a pensar que é ele que me dar vida, que ele é o motor de uma talvez máquina. Quando durmo ele mantem a melodia, quando acordo o escuto novamente, também acho que dormindo eu escuto, que esse som é que me embala todas as noites em insônias e sonos de descanso. E se ele parar de bater o que eu que faço? Deus, o que será de mim? Como posso ajudá-lo para que ele não me abandone? Eu poderia bater com ele, por ele, para ele e por mim. No entanto, algo muito íntimo diz que eu não posso bater, porque é ele que bate por mim. Oh!...e como eu necessito dele, como ele é meu e me dar vida, meu Deus! Agora estou o ouvindo, ele continua batendo no mesmo compasso, ouço a melodia, mas, como sofro em pensar que um dia ele parará, e sofro por puro egoísmo talvez, pois o fim da última nota embalada por ele, representará o último fio de oxigênio em meus pulmões, e não direi Adeus, não haverá despedidas, terá somente a falta de um som único no mundo, talvez outros nem sintam a ausência dessa melodia, afinal são mais de 80 milhões de sons como esse, e somente um parará, sumirá. Ouço ainda ele bater...


"Oh and weightless and maybe. I'll find some peace tonight" (Angel, Sarah McLachlan)