segunda-feira, 2 de abril de 2012

O amanhã não existe: o hoje já partiu

Hoje era para ser o dia da preparação da festa de amanhã...


Mas não é. Não estou arrumando a minha mala para viajar hoje a noite e amanhecer o dia ao seu lado amanhã. Não acordarei amanhã na expectativa de comer aquele delicioso bolo que mainha fazia nessa data querida (03/04). Não passei e passiei a procura de um presente para te dar e conquistar (mais uma vez) um sorriso e abraço teu. Mas mesmo assim, sabendo que o amanhã não existirá com alegria das outras datas vividas, peguei-me hoje contabilizando (com aquela dificuldade e bloqueio de sempre com a matemática) a quantidade de velas que colocaria no seu bolo, que eu te ajudaria apagar, e que tentaria te explicar que a senhora não tinha mais 77 anos, como ficastes gravado em vossa memória, e sim 91 anos. A data de hoje, que antece a de manhã, não me promove mais aquela alegria, aquela felicidade que antes embalava o dois de abril que indica a chegada do três. Hoje vir os meus olhos se inundarem de lágrimas cada vez que os mesmos visualizam essa data, cada vez que aguardo o convite para a preparação da sua festa e esse não o chega, cada vez que eu tenho que lembrar que é mais uma data que não te tenho mais presente em corpo. Não é fácil aceitar que o amanhã não existe porque o "meu hoje" já partiu, já foi tirado de mim, deixando o meu jardim incompleto, o meu sorriso triste e minha vida faltando um pedaço. Costumava usar o clichê que em seu aniversário o presente era meu, por ter sido abençoada pela sua presença em minha vida, agora, sem clichês e demagogias, continuo dizendo que Deus me presenteou com o seu amor incondicional, com o seu colo confortável, com seu abraço aconchegador, com o seu sorriso e olhar que até hoje vivem em minha lembrança, nada disso morreu para mim, eles vivem da maneira mais bonita em meu coração. Entendo Deus, quem é que não queria ter ao seu lado alguém como ti? Não posso ser egoísta e proíbi-lo disso. Não posso ser injusta e questioná-lo por essa escolha. Eu entendo Ele assim como entendo que agora está melhor, sem dores, sem esquecimentos e ao lado da melhor companhia. Bem sei que não era necessário escrever aqui tudo isso, pois bem sabe de tudo, em minhas orações te revelo sempre os meus sentimentos, segredos e angustias, afinal, você nunca me abandonou. O amor não deixa! Vozinha (minha velha dos claros mais lindos que já vi) parabéns, não pela idade nova, pois essa não é mais contabilizada, mas pela história que escreveu, pelo exemplo que nos deixou e principalmente  por ter ensinado a mim e a todos da nossa família a atitude amar, afinal, você não era de conceitos, era de ensinar a prática. Bem sabes o quanto aprendi a amar e ser amada com vós. E que amanhã o céu fique em festa, tal qual ou melhor do que a que faríamos se estivesse ainda aqui na terra. Amo-te daquele meu jeito mais infantil e mimado ocasionado pelo afeto incondicional de uma avó.

Gerlania Medeiros - Neta de Luzia Arlinda de Medeiros